Opinião: Tecnologia, Negócio e Sustentabilidade

10 DE JULHO DE 2024

Será que a tecnologia da informação tem um papel neste processo? Tem e é essencial. É este o pilar que sustenta e integra economia, ambiente e sociedade de maneira eficiente.

Mais do que um conceito algo vago, muitas vezes visto apenas como obrigatório no discurso mediático e para cumprir mínimos no índice ESG, a sustentabilidade é muito mais do que isso. Deixou de ser um objetivo indefinido e de longo prazo. É urgente para empresas que pretendem crescer e ser atrativas para investidores, trabalhadores e clientes.

As organizações comprometidas com uma visão holística, que considera os impactos sociais, ambientais e económicos a longo prazo, atendendo às necessidades atuais, sem comprometer gerações futuras, estão a construir um futuro sustentável e, simultaneamente, a garantir a sua longevidade e prosperidade.

Mas, será que a tecnologia da informação tem um papel neste processo? Tem e é essencial. É este o pilar que sustenta e integra economia, ambiente e sociedade de maneira eficiente. A digitalização e a transformação digital otimizam o uso de recursos, reduzem desperdícios e melhoram a gestão de recursos humanos. Permitem assim que as empresas aumentem a rentabilidade, melhorem a relação com clientes, otimizem processos e promovam a inovação.

Ainda que seja uma evidência, o dia-a-dia no terreno diz-me que as empresas enfrentam um desafio fundamental: mudar mentalidades e comportamentos, passando de uma lógica de custo, para uma de investimento com retorno garantido. Para se ter uma ideia clara, segundo um estudo de uma reputada consultora internacional, em Portugal, apenas 7% das empresas integraram totalmente estratégias de negócio, tecnologia e sustentabilidade.

Escusando-me a desenvolvimentos conceptuais sobre tecnologia e sustentabilidade, que provavelmente apenas interessariam aos tais 7%, atrevo-me a deixar, para os restantes 93%, indicações muito simples e práticas. Desde logo, e não falando já em transformação digital, sublinhar o quão fundamental é a digitalização de processos, que aumenta eficiência, reduz custos, gera ganhos e permite trabalhar e gerir a empresa de qualquer lugar, a qualquer hora, a partir de qualquer ponto de acesso, com dados atualizados no momento.

Um primeiro passo para a união dos pilares económico, social e ambiental, numa jornada que deve ter como fases o mapeamento de oportunidades, a criação de um plano de ação, a identificação do parceiro tecnológico, implementação e, posteriormente, avaliação e medição de resultados.

Um processo tão simples, quanto o que levou à implementação da ferramenta tecnológica mais básica, o ERP, ou, depois, o CRM e outras que se revelaram indispensáveis. O racional, para os 93% de empresas que não integram negócio, tecnologia e sustentabilidade, é dar passos como os que sugiro de seguida.

Avançar para uma solução de gestão documental, que vai desmaterializar documentos para um ambiente de trabalho mais eficiente e sustentável. Investir num arquivo digital para armazenamento seguro e acessível de documentos, diminuindo o uso de papel e otimizando o espaço físico. Criar automatização de tarefas repetitivas, com um business process management (BPM), para libertar tempo e recursos para atividades mais estratégicas; implementação de tecnologia OCR, que converte documentos físicos em digitais, facilitando o acesso e a gestão da informação, ou implementação de um competente customer relationship management (CRM), para gestão integrada de relacionamento com o cliente e assim alavancar a fidelização e a satisfação, gerando prescrição do produto ou serviço.

Outros passos devem ser tomados, como a criação de portais personalizados para clientes, colaboradores e fornecedores, otimizando a comunicação e a colaboração, a abertura de lojas online, para impulsionar as vendas, obter maiores margens e alcançar novos mercados.

E, porque não, a adoção de um sistema de business intelligence, para análise de dados críticos e tomada de decisões estratégicas informadas e em tempo real?

Exemplifico apenas um conjunto de ferramentas elementares, demasiado básicas, dirão muitos dos leitores, mas, tenhamos sempre consciência da crua realidade: 93% das empresas portuguesas não integram negócio, tecnologia e sustentabilidade.

Artigo de opinião de FERNANDO AMARAL, Chairman do SENDYS GROUP